Para quem leu meu último post,
viu que as coisas mudaram um pouco o rumo no tratamento e agora já temos pistas
de possíveis motivos para as falhas de implantação. Estamos no diagnóstico, mas
agora investindo os fatores paternos.
Ao fazer o Teste de Fragmentação
de DNA Espermático, descobrimos que meu marido tem um índice alto e vamos
melhorar isso com algum tratamento específico. Fui investigar um pouco no
Dr.Google o que é – sei que isso não é recomendado porque não sou da área
médica, mas vou me municiar de algumas informações para entender a explicação
dos especialistas.
O que encontrei até o momento
(tentando reunir as informações de maneira didática)...
O QUE É O EXAME?
É um dos mais modernos exames
para avaliar a fertilidade masculina. O Teste da Estrutura da Cromatina do Espermatozoide
(TECE) é uma medida estatisticamente significante da infertilidade masculina.
Este exame visa avaliar o DNA do espermatozoide.
O exame pode ser feito como
complemento ao espermograma comum. A amostra passa por um exame de
fluorescência, misturada com um corante laranja capaz de se ligar ao DNA.
Posteriormente, passa por um aparelho chamado citômetro de fluxo que quantifica
a proporção de espermatozoides defeituosos. Se a porcentagem de espermatozoides
estiver alterada e for acima de 30%, a capacidade fértil do homem estará
severamente prejudicada.
A fragmentação de DNA que pode
estar relacionada a um pobre desenvolvimento embrionário, uma escassa
capacidade de implantação, assim como abortos em repetição.
A fragmentação de DNA (ou SDF -
Sperm DNA Fragmentation) é comum em pacientes com infertilidade.
Está relacionada à presença de
bases oxidativas, o que evidencia uma espermiogênese prejudicada. Com isso,
formam-se espermatozoides com presença de radicais livres, principalmente na
mitocôndria, responsável por suporte de energia e motilidade do espermatozoide.
Como consequência, haverá peroxidação lipídica da célula causando um dano no
DNA do espermatozoide e piora da carga genética a ser transmitida.
A qualidade do DNA é essencial
para a boa transmissão de informação genética para os embriões. Por isso, a
fragmentação de DNA espermático é tão importante ser avaliada em casos de falha
de implantação, abortos de recorrência ou mesmo em pacientes com qualidade
seminal abaixo do normal.
Vídeos:
- Sobre o que é o índice de fragmentação do DNA espermático: o que é e quando fazer = https://www.youtube.com/watch?v=kMcAd17MmXE
- Explicações sobre o Teste de Fragmentação do DNA Espermático = https://www.youtube.com/watch?v=Cd2-VhxBff0
- Sobre a Varicocele e impactos para a fertilidade = https://www.youtube.com/watch?v=cdCDfwIBjH8
QUAIS AS ESTATÍSTICAS ASSOCIADAS À FRAGMENTAÇÃO ESPERMÁTICA?
Mesmo homens com espermograma normal podem ter alta porcentagem de espermatozoides com DNA fragmentado, sendo uma explicação para infertilidade sem causa aparente. Aproximadamente 25% dos homens inférteis apresentam elevadas taxas de fragmentação do DNA espermático. E, em torno de 10% dos espermogramas normais (em casais com infertilidade) há altas taxas de SDF (avaliação da infertilidade sem causa aparente).
A fragmentação do DNA espermático
está associada ao insucesso na fertilização in vitro. Quando as taxas de
fragmentação do DNA espermático são superiores a 30%, as chances de gravidez
reduzem significativamente de 19% para 1,5%.
QUAIS OS MOTIVOS QUE LEVAM À FRAGMENTAÇÃO ESPERMÁTICA
Segundo a literatura médica, pode estar relacionada a
inúmeras causas tais como: uso de drogas, aumento da temperatura testicular,
varicocele, obesidade, poluição, fumo e idade avançada.
QUAIS AS POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO?
A capacitação espermática consiste em selecionar aqueles
espermatozóides com maior motilidade mediante a eliminação do plasma seminal
(que contém substâncias inibidoras da motilidade), e os espermatozóides
imóveis, junto com as células imaturas e detritos. O aumento da motilidade
espermática favorece a sua penetração no óvulo.
QUAIS OUTROS EXAMPES PODEM SER FEITOS COMPLEMENTARMENTE AO DIAGNÓSTICO?
-
Há os exames para “Dosagens Hormonais”, solicitados principalmente em casos de oligozoospermia, bloqueio da função sexual e clínica de endocrinopatia. Avaliação dos níveis de LH, FSH, Testosterona, PRL (diminuição da libido, disfunção erétil), Estradiol (pacientes com ginecomastia).
- Biópsia testicular é indicada para diferenciar os quadros de azoospermia obstrutiva e azoospermia por falência germinativa, como valor preditivo para obtenção de espermatozoides para ICSI.
- Ultrassom trans-retal para casos de suspeita de obstrução dos ductos ejaculatórios e hipoplasia/ agenesia de vesículas seminais.
- Estudo Genético, que possuem indicações específicas nos casos de oligozoospermia grave, azoospermia, suspeita de doença gênica em um dos parceiros, casais com histórico de abortamento habitual, casais com antecedentes de aberrações cromossômicas numéricas e/ou estruturais, entre outras.
- Além desses, há os exames imunológicos (já fiz praticamente todos). Existem outros exames que avaliam os fatores imunológicos são os
anticorpos anti-cardiolipina, Fan (Fator Anti Núcleo), Anticorpos
anti-fostatidilserina, fator II gene de mutação da protombina. Células Natural
Killer (NK), homocisteína, fator V de leiden e o teste do Cross Match que
analisa a rejeição do embrião pelo organismo materno (este tem até tópico
específico aqui no blog).
Rev. Bras. Ginecol. Obstet. vol.29 no.2 Rio de Janeiro Feb. 2007
Autor: Fábio Firmbach Pasqualotto (Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade de Caxias do Sul – UCS – Caxias do Sul (RS) e Conception – Centro de Reprodução Humana, Caxias do Sul (RS), Brasil. Diretor do Centro de Reprodução Humana, Caxias do Sul (RS); Professor Doutor Titular da Unidade Morfológica da Faculdade de Medicina da Universidade de Caxias do Sul – UCS – Caxias do Sul (RS).
O artigo traz o seguinte trecho sobre análise da estrutura da cromatina espermática:
"Evidências recentes sugerem que a integridade da cromatina
do DNA seja muito importante para a fertilidade masculina. A estrutura da
cromatina do espermatozóide (proteínas associadas ao DNA) pode ser mensurada
por vários métodos, incluindo os ensaios Tunnel e Cometa, assim como citometria
de fluxo após tratamento com ácido e coloração dos espermatozóides com laranja
de acridina. Estes testes avaliam o grau de fragmentação de DNA que ocorre
após tratamento químico do complexo DNA-cromatina dos espermatozóides e que
podem refletir indiretamente a integridade da qualidade do DNA dos espermatozóides.
DNA fragmentado em excesso raramente ocorre em homens férteis, mas pode ser
encontrado em 5% dos homens inférteis com qualidade seminal normal e 25% dos
homens inférteis com análise seminal alterada. Este teste pode detectar
infertilidade que porventura não tenha sido diagnosticada em uma análise
seminal.
Muitas vezes reversível, as causas de fragmentação do DNA incluem o
uso de cigarros, algumas patologias, hipertermia, poluição atmosférica,
infecção e varicocele. A indicação atual para a pesquisa do DNA dos
espermatozóides é a presença de infertilidade sem causa aparente.
Há mais artigos no link: http://trigramas.bireme.br/cgi-bin/mx/cgi=@1?lang=p&collection=LILACS.org.TiKwAb&minsim=0.30&maxrel=10&eval=kw:5:0&evak1=5&evak2=5&text=Teste%20de%20Estrutura%20da%20Cromatina%20Esperm%E1tica:%20avalia%E7%E3o%20dos%20homens%20de%20casais%20com%20infertilidade%20sem%20causa%20conhecida;%20Reprod%20clim.%20INFERTILIDADE%20MASCULINA.%20CAPACITACAO%20ESPERMATICA.%20FRAGMENTACAO%20DO%20DNA.%20SEMEN.%20CROMATINA
Outro texto:
Atualmente acredita-se que os espermatozóides provenientes do testículo em homens azoospérmicos apresentem menor fragmentação do DNA comparado aos do epidídimo quando da presença de azoospermia obstrutiva. Isto talvez decorra do fato de que a fragmentação do DNA do espermatozóide ocorre no momento da sua liberação das células de Sertoli. Porém, estudos demonstram que o espermatozóide do epidídimo resulta em maiores taxas de gravidez comparado ao espermatozóide do testículo.
Acredita-se também que pacientes com oligozoospermia grave
(concentração inferior a 1 x 106 espermatozóides/mL) talvez devam ser
submetidos a técnicas de extração ou punção de espermatozóides do testículo e
ICSI e não usar os espermatozóides do ejaculado, pela presença de DNA
fragmentado nos espermatozóides do ejaculado em maior freqüência do que no
testículo.
E por fim, mas não menos importante, um texto bastante
esclarecedor, publicado pela SBRH (Sociedade Brasileira de Reprodução Humana),
explicando vários itens associados à infertilidade masculina e diagnósticos:
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