domingo, 28 de junho de 2015

Sobre o “Teste de Fragmentação de DNA Espermático”


Para quem leu meu último post, viu que as coisas mudaram um pouco o rumo no tratamento e agora já temos pistas de possíveis motivos para as falhas de implantação. Estamos no diagnóstico, mas agora investindo os fatores paternos.
Ao fazer o Teste de Fragmentação de DNA Espermático, descobrimos que meu marido tem um índice alto e vamos melhorar isso com algum tratamento específico. Fui investigar um pouco no Dr.Google o que é – sei que isso não é recomendado porque não sou da área médica, mas vou me municiar de algumas informações para entender a explicação dos especialistas.

O que encontrei até o momento (tentando reunir as informações de maneira didática)...

O QUE É O EXAME?
É um dos mais modernos exames para avaliar a fertilidade masculina. O Teste da Estrutura da Cromatina do Espermatozoide (TECE) é uma medida estatisticamente significante da infertilidade masculina. Este exame visa avaliar o DNA do espermatozoide.

O exame pode ser feito como complemento ao espermograma comum. A amostra passa por um exame de fluorescência, misturada com um corante laranja capaz de se ligar ao DNA. Posteriormente, passa por um aparelho chamado citômetro de fluxo que quantifica a proporção de espermatozoides defeituosos. Se a porcentagem de espermatozoides estiver alterada e for acima de 30%, a capacidade fértil do homem estará severamente prejudicada.
A fragmentação de DNA que pode estar relacionada a um pobre desenvolvimento embrionário, uma escassa capacidade de implantação, assim como abortos em repetição.


 
COMO A FRAGMENTAÇÃO DO DNA AFETA OS RESULTADOS DA FIV?

A fragmentação de DNA (ou SDF - Sperm DNA Fragmentation) é comum em pacientes com infertilidade.
Está relacionada à presença de bases oxidativas, o que evidencia uma espermiogênese prejudicada. Com isso, formam-se espermatozoides com presença de radicais livres, principalmente na mitocôndria, responsável por suporte de energia e motilidade do espermatozoide. Como consequência, haverá peroxidação lipídica da célula causando um dano no DNA do espermatozoide e piora da carga genética a ser transmitida.

A qualidade do DNA é essencial para a boa transmissão de informação genética para os embriões. Por isso, a fragmentação de DNA espermático é tão importante ser avaliada em casos de falha de implantação, abortos de recorrência ou mesmo em pacientes com qualidade seminal abaixo do normal.

Vídeos:
 
QUAIS AS ESTATÍSTICAS ASSOCIADAS À FRAGMENTAÇÃO ESPERMÁTICA?
Mesmo homens com espermograma normal podem ter alta porcentagem de espermatozoides com DNA fragmentado, sendo uma explicação para infertilidade sem causa aparente. Aproximadamente 25% dos homens inférteis apresentam elevadas taxas de fragmentação do DNA espermático. E, em torno de 10% dos espermogramas normais (em casais com infertilidade) há altas taxas de SDF (avaliação da infertilidade sem causa aparente).

A fragmentação do DNA espermático está associada ao insucesso na fertilização in vitro. Quando as taxas de fragmentação do DNA espermático são superiores a 30%, as chances de gravidez reduzem significativamente de 19% para 1,5%.

 

QUAIS OS MOTIVOS QUE LEVAM À FRAGMENTAÇÃO ESPERMÁTICA
Segundo a literatura médica, pode estar relacionada a inúmeras causas tais como: uso de drogas, aumento da temperatura testicular, varicocele, obesidade, poluição, fumo e idade avançada.

 
QUAIS AS POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO?
A capacitação espermática consiste em selecionar aqueles espermatozóides com maior motilidade mediante a eliminação do plasma seminal (que contém substâncias inibidoras da motilidade), e os espermatozóides imóveis, junto com as células imaturas e detritos. O aumento da motilidade espermática favorece a sua penetração no óvulo.

 
QUAIS OUTROS EXAMPES PODEM SER FEITOS COMPLEMENTARMENTE AO DIAGNÓSTICO?
  • Há os exames para “Dosagens Hormonais”, solicitados principalmente em casos de oligozoospermia, bloqueio da função sexual e clínica de endocrinopatia. Avaliação dos níveis de LH, FSH, Testosterona, PRL (diminuição da libido, disfunção erétil), Estradiol (pacientes com ginecomastia).
  • Biópsia testicular é indicada para diferenciar os quadros de azoospermia obstrutiva e azoospermia por falência germinativa, como valor preditivo para obtenção de espermatozoides para ICSI.
  • Ultrassom trans-retal para casos de suspeita de obstrução dos ductos ejaculatórios e hipoplasia/ agenesia de vesículas seminais.
  • Estudo Genético, que possuem indicações específicas nos casos de oligozoospermia grave, azoospermia, suspeita de doença gênica em um dos parceiros, casais com histórico de abortamento habitual, casais com antecedentes de aberrações cromossômicas numéricas e/ou estruturais, entre outras.
  • Além desses, há os exames imunológicos (já fiz praticamente todos). Existem outros exames que avaliam os fatores imunológicos são os anticorpos anti-cardiolipina, Fan (Fator Anti Núcleo), Anticorpos anti-fostatidilserina, fator II gene de mutação da protombina. Células Natural Killer (NK), homocisteína, fator V de leiden e o teste do Cross Match que analisa a rejeição do embrião pelo organismo materno (este tem até tópico específico aqui no blog).

ALGUNS ARTIGOS CIENTÍFICOS SOBRE O TEMA
Pesquisei em algumas bases como SCIELO, LILACS E BIREME na área da Saúde, que traz pesquisas em periódicos científicos, seguem alguns achados interessantes: 
 
Investigação e reprodução assistida no tratamento da infertilidade masculina
Rev. Bras. Ginecol. Obstet. vol.29 no.2 Rio de Janeiro Feb. 2007
Autor: Fábio Firmbach Pasqualotto (Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade de Caxias do Sul – UCS – Caxias do Sul (RS) e Conception – Centro de Reprodução Humana, Caxias do Sul (RS), Brasil. Diretor do Centro de Reprodução Humana, Caxias do Sul (RS); Professor Doutor Titular da Unidade Morfológica da Faculdade de Medicina da Universidade de Caxias do Sul – UCS – Caxias do Sul (RS).

O artigo traz o seguinte trecho sobre análise da estrutura da cromatina espermática: 

"Evidências recentes sugerem que a integridade da cromatina do DNA seja muito importante para a fertilidade masculina. A estrutura da cromatina do espermatozóide (proteínas associadas ao DNA) pode ser mensurada por vários métodos, incluindo os ensaios Tunnel e Cometa, assim como citometria de fluxo após tratamento com ácido e coloração dos espermatozóides com laranja de acridina. Estes testes avaliam o grau de fragmentação de DNA que ocorre após tratamento químico do complexo DNA-cromatina dos espermatozóides e que podem refletir indiretamente a integridade da qualidade do DNA dos espermatozóides.
DNA fragmentado em excesso raramente ocorre em homens férteis, mas pode ser encontrado em 5% dos homens inférteis com qualidade seminal normal e 25% dos homens inférteis com análise seminal alterada. Este teste pode detectar infertilidade que porventura não tenha sido diagnosticada em uma análise seminal.
Muitas vezes reversível, as causas de fragmentação do DNA incluem o uso de cigarros, algumas patologias, hipertermia, poluição atmosférica, infecção e varicocele. A indicação atual para a pesquisa do DNA dos espermatozóides é a presença de infertilidade sem causa aparente.

Há mais artigos no link: http://trigramas.bireme.br/cgi-bin/mx/cgi=@1?lang=p&collection=LILACS.org.TiKwAb&minsim=0.30&maxrel=10&eval=kw:5:0&evak1=5&evak2=5&text=Teste%20de%20Estrutura%20da%20Cromatina%20Esperm%E1tica:%20avalia%E7%E3o%20dos%20homens%20de%20casais%20com%20infertilidade%20sem%20causa%20conhecida;%20Reprod%20clim.%20INFERTILIDADE%20MASCULINA.%20CAPACITACAO%20ESPERMATICA.%20FRAGMENTACAO%20DO%20DNA.%20SEMEN.%20CROMATINA



Outro texto:
Atualmente acredita-se que os espermatozóides provenientes do testículo em homens azoospérmicos apresentem menor fragmentação do DNA comparado aos do epidídimo quando da presença de azoospermia obstrutiva. Isto talvez decorra do fato de que a fragmentação do DNA do espermatozóide ocorre no momento da sua liberação das células de Sertoli. Porém, estudos demonstram que o espermatozóide do epidídimo resulta em maiores taxas de gravidez comparado ao espermatozóide do testículo.

Acredita-se também que pacientes com oligozoospermia grave (concentração inferior a 1 x 106 espermatozóides/mL) talvez devam ser submetidos a técnicas de extração ou punção de espermatozóides do testículo e ICSI e não usar os espermatozóides do ejaculado, pela presença de DNA fragmentado nos espermatozóides do ejaculado em maior freqüência do que no testículo.



E por fim, mas não menos importante, um texto bastante esclarecedor, publicado pela SBRH (Sociedade Brasileira de Reprodução Humana), explicando vários itens associados à infertilidade masculina e diagnósticos:


 

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