Meninas, estou sempre lançando algum questionamento para
nosso debate sobre todo este processo longo dos tratamentos de FIV. Hoje vou
tratar de um tema sobre o qual tenho refletido nos últimos dias...
Gostaria de comentar sobre como os tratamentos para
fertilização interferem na intimidade do casal. É algo complicado, que não
falamos tanto e muitas vezes acabamos fingindo que não atrapalha. Mas, na minha
percepção, vejo que acaba influenciando o relacionamento, algo meio velado, um assunto que fica camuflado em todo este processo.
Não sei qual a opinião de vocês e gostaria que comentassem
aqui. Vou escrever algo que tenho percebido no meu relacionamento, mas pode ser
muito específico do casal e não acontecer com todos.
Quando iniciamos o tratamento, significa que já ficamos
algum tempo como “tentantes” nos meios naturais ou com procedimentos mais
lights, vamos assim dizer. Quando partimos para a FIV, há todo um histórico e o
casal já está junto há alguns anos.
No começo do casamento é aquela maravilha, o sexo é bem
frequente, sem compromisso, sem horário e sem a pretensão de uma gravidez.
Aliás, no meu caso, o projeto para ter filhos seria apenas para depois do
terceiro ano de casamento. Mas quando percebemos que chegou a hora de engravidar,
muda bastante. O desespero de quando estamos ovulando, dizemos “é hoje!” e tem
que ser, o marido tem que comparecer. Por exemplo, quando investimos em lingeries para deixa-los
mais animados, até na hora de compra-las há um motivo ou "segundas intenções" para uma finalidade bem
específica do seu uso (não para sedução mas para procriação...). O sexo passa a ser um compromisso, às vezes com dia
certo para acontecer e, para aumentar as chances, tem que ter certa frequência,
mesmo quando estamos cansados. Isso vale tanto para o homem quanto para a
mulher.
Durante o processo da FIV, já pensando depois de todos os exames, porque a realização deles, a ansiedade pelos resultados e diagnósticos ou mesmo as conversar com o médico são bem desgastantes, aí tem um novo ciclo. Quando começamos a medicação para a indução de ovulação, a barriga fica inchada, perdemos um pouco do tesão e a preocupação com o tratamento ganha novos contornos. O marido fica apreensivo e nós concentramos muita energia nas rotinas e horários das injeções.
Aí tem a punção, ficamos “de molho” um tempo. No meu caso,
como tive hiperestímulo, vixi... passei muito mal e para rolar sexo, demorou um
tempo.
Parece que nossa vida sexual se torna pública, ou seja, o médico diz que dia pode acontecer, a equipe técnica faz questionamentos e tudo passa a ser monitoramento ou investigado.
Parece que nossa vida sexual se torna pública, ou seja, o médico diz que dia pode acontecer, a equipe técnica faz questionamentos e tudo passa a ser monitoramento ou investigado.
Depois que fazemos a transferência, tem o período em que
ficamos aguardando o resultado tal esperado do Beta, naquela ansiedade absurda
e fazendo o repouso. Quando não dá certo, a tristeza do Negativo nos abate e
não dá vontade nenhuma. O casal se une psicologicamente, mas se afasta
fisicamente.
Quando vem a menstruação por cerca de 2 a 4 dias após o Beta
Negativo, vamos nos preparando para os próximos passos e aí a pressão deixou
algumas marcas até que tudo volte ao normal. No meu caso, após o negativo na 2ª
TEC, voltamos a nos relacionar cerca de 2 dias após o término da menstruação,
mas tive dores e um sangramento (vermelho vivo), o que me deixou preocupada,
mas não falei com meu marido pois já tinha percebido que ele estava meio “travado”
depois de todo processo e com medo de machucar. E os medicamentos também afetam nosso desejo sexual, não dá para negar.
O que avalio, então, é que um cuidado importante é para não
deixar que a pressão do tratamento não afete a intimidade do casal. É difícil contornar
toda a carga emocional, mas esta química entre marido e mulher deve ser
mantido, apesar da impessoalidade que toma conta de nossa rotina, com os
medicamentos e tal, como compromissos. Acho que é isso, para reflexão da
semana: como não deixar que os procedimentos da FIV atrapalhem a relação e
intimidade do casal? Estou me esforçando para isso não acontecer. O respeito é importante, mas dar atenção ao outro é essencial, pois o tratamento da FIV não pode ser um fim em si.
Para colaborar nesta reflexão, segue um link interessante
sobre o tema, com um artigo escrito por Ana Rosa Detilio Monaco, psicóloga da
Fertivitro — Centro de Reprodução Humana.
“É possível preservar
a vida sexual no tratamento de reprodução humana”
P.S. Na quarta tenho consulta com o médico (um ultrassom para ver
como está o endométrio para a transferência), então saberei quando será o dia e
mais detalhes sobre a qualidade dos embriões, que é nossa suspeita das falhas
dos procedimentos das FIVs que não deram certo.
Bjs e uma ótima semana!
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