Como muitos outros casais, acho que passamos por histórias parecidas,
que começam com a investigação da infertilidade, iniciando com tratamentos de
menor complexidade (como coito programado com indutores de ovulação ou Inseminação
Artificial), até que chegamos à FIV como último recurso. É muito frustrante quando
depositamos todas as nossas expectativas neste tratamento e vimos que todos os
esforços foram em vão quando recebemos o negativo.
É desgastante em todos os sentidos, desde os físicos (com injeções,
ultrassom), emocional (disciplina nos
horários, expectativa, ansiedade) e financeiros (elevado valor dos remédios e
exames que nem sempre os planos de saúde cobrem, além dos tratamentos nas
clínicas, que exigem um boa reserva de recursos).
Eu “travei” com o negativo na 1ª FIV, não desisti, apenas senti o
impacto, mas leio história de mulheres que conseguiram após a 5ª ou 6ª
tentativa.
Uma pergunta comum após o teste negativo é: por que o embrião ou os
embriões transferidos para o útero não implantaram? A resposta geralmente não é
simples, mas algumas hipóteses devem ser avaliadas e para ajudar nesta
reflexão, segue um compilado de fatores que podem afetar o resultado.
É parte deste meu processo de aceitação e busca de compreensão dos motivos para o negativo, até para responder a pergunta: "O que fazer agora?"
Espero que seja útil para vocês também!
Fatores associados à falha de implantação na
fertilização “in vitro”
1. Alterações no útero
Como o útero é um órgão muito importante no processo gestacional, não pode ter alterações, sendo que devem ser investigados as seguintes alterações uterinas mais comuns:
- Miomas (principalmente os submucosos, ou seja aqueles que atingem diretamente o endométrio, que é o tecido que reveste o útero por dentro);
- Pólipos endometriais (são tumores benignos da parte interna do útero (endométrio) e em alguns casos, podem ser absolutamente assintomáticos
- Adenomiose (presença de glândulas e estroma endometrial no interior do miométrio, podendo resultar ou não na hipertrofia das fibras musculares uterinas, com hipertrofia do órgão)
- Septos uterinos (ocorre quando a cavidade interna do útero é dividida por uma parede, chamada septo, que pode ir só até metade do caminho ou chegar até o colo do útero.
- Mal formações do útero (útero rudimentar ou infantil, útero bicorno, útero didelfo)
- Doenças infecciosas (endometrite - que é inflamação e/ou irritação do endométrio - revestimento do útero). Nos casos de endometrite crônica, encontra-se microorganismo s como bactérias comuns (streptococos, stafilococos, E. coli em 70% dos casos), ureaplasma urealiticum em 10%, micoplasma em 12% e clamidia em apenas 5%).
- Prolactina (pacientes com aumento da prolactina podem ter a receptividade do endométrio alterada)
- TSH (hormônio que reflete o funcionamento da tireóide. O hiper ou o hipotireoidismo podem levar a falha de implantação
- Hormônios masculinos (Testosterona, Androstenediona, Dehidroepiandrosterona Sulfato de dehidroepiandrosterona - mulheres com aumento destes hormônios, como acontece na Síndrome dos Ovários Policísticos tem mais chances de falha de implantação)
- Progesterona
Para investigar estas
eventualidades uterinas podemos utilizar alguns exames, tais como: ultra-som
transvaginal (comum ou em 3D); histerossonografia, histeroscopia e Ressonância
Magnética.
2. Alterações Hormonais
Alguns hormônios
fazem parte da fisiologia gestacional e as alterações destes podem levar a
falha de implantação e/ou abortamento de repetição. Assim, os seguintes
hormônios devem ser avaliados, todos por exames de sangue:
3. Trombofilias
Chamamos de
trombofilias alterações da cascata da coagulação sanguínea que, quando
presentes, levam a um estado de hipercoagulobilidade sanguínea.
Os exames para
avaliar este acontecimento são todas dosagens sanguíneas e estão listados a
seguir:
- Pesquisa de Mutação
do Fator V Leiden
- Pesquisa da Mutação
da Protrombina
- Pesquisa da Mutação
da MTHFR
- Anticardiolipinas
IgM/ IgA/ IgG
- Anticoagulante
Lúpico
- Anti-trombina III
- Homocisteína
- Proteína S
- Proteína C
4. Fatores
Imunológicos
Alguns problemas
imunológicos podem ser causas de abortamento de repetição ou falha de
implantação na fertilização “in vitro” (FIV). Nesta caso, os exames que devem
ser realizados são os seguintes (todos exames de sangue):
- Pesquisa de células
Natural Killer (CD56/CD16)
- Anti-peroxidase
Tireoidiana
- Anti-tireoglobulina
- FAN
- Cross-match e as
vacinas de linfócitos paternos (que é um dos pontos de grande controvérsia em reprodução humana)
5. Fatores Genéticos
As falhas de
implantação ou aborto podem ser decorrentes de alteração genética na formação e
desenvolvimento dos embriões.
Recomenda-se a
realização tanto no homem quanto na mulher do seguinte exame de sangue:
cariótipo com banda G, realizado antes da transferência.
6. Individualização
da receptividade do endométrio: Janela de Implantação
Nos casos em que toda a avaliação acima
explicada é normal ou as possíveis alterações foram diagnosticadas e tratadas
corretamente, mas, mesmo assim, estas pacientes continuam tendo falha de
implantação. Nestas situações, uma explicação
plausível decorre da receptividade endometrial, que é conhecida como “janela de
implantação”.
Como em todo o mês, seja em ciclo
espontâneo ou induzido, o endométrio tem um período em que se encontra
receptivo aos embriões e, se colocarmos os embriões fora desta janela de
implantação, é como se estivéssemos os jogando fora, pois eles não encontram um
ambiente adequado para implantarem.
Assim, um dos desafios na fertilização
“in vitro” (FIV) é encontrar a janela de implantação individual para cada
mulher, para transferir os embriões neste momento correto. Na maioria dos casos
se colocarmos os embriões após 5 dias de ação da progesterona estaremos neste
período da janela de implantação, porém em algumas pacientes, a janela de
implantação pode ser diferente.
Existe um exame para tratar de forma
individualizada a janela de implantação do endométrio, chamado método ERA (Endometrial
Receptivity Array).
O teste consiste em fazermos uma
biopsia do endométrio em determinado ciclo, que deve ser feita 5 dias após o
início da progesterona em ciclo estimulado. É feita análise genética do
material, para avaliar os genes responsáveis pela implantação dos embriões no
útero. Dependendo do perfil genético visto, o teste dirá se aquele é o momento
receptivo do endométrio naquela determinada paciente.
Segundo o site da Clínica Vivitá:
“Se o teste ERA diagnosticar endométrio
não receptivo, isso mostra que naquela paciente a janela de implantação é
deslocada e, assim, deve-se programar nova biopsia em outro ciclo. Os estudos
científicos mostram que a maioria das amostras não receptivas eram, na verdade,
pré-receptivas e portanto esta nova biopsia deve ser feita no sétimo dia após o
início da progesterona em um ciclo estimulado. Novamente, após análise genética
do material, o teste nos dará um novo resultado que na maioria das vezes virá
endométrio receptivo. Neste caso programaríamos a transferência de embriões
ocorrendo no sétimo dia após o início da progesterona. Se mesmo assim, o
diagnóstico for de endométrio não receptivo, vamos repetindo o procedimento
sucessivamente até encontrarmos a janela de implantação individual da paciente em questão.”
busco respostapois passei por duas fiv e negativo sempre tenho sangramento no 15 dia
ResponderExcluire ixame da negativo
Espero que tenha dado tudo certo, estou partindo para meu segundo ciclo, espero que agora seja positivo. Boa sorte! Bj
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